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Junho foi mês do orgulho e movimentos civis lgbtqia+ no brasil

Junho já se estabeleceu como o mês do orgulho LGBTQIA+ no Brasil, podemos observar o foco das pautas contra a LGBTfobia e o respeito à diversidade sexual e de gênero nos grandes veículos de mídia, até mesmo muitas empresas aderem às cores do arco íris (símbolo do movimento LGBTQIA+) em suas propagandas. Mas como isso começou?



No Brasil, em sua primeira edição na Avenida Paulista em São Paulo no dia 28 de junho de 1997, a Parada do Orgulho Gay reuniu cerca de 2 mil pessoas com o tema "Somos muitos, estamos em várias profissões”. Desde então o movimento só cresceu, reunindo cada vez mais pessoas, se tornando o evento que atrai mais turistas à cidade de São Paulo e, no Brasil, fica atrás apenas do Carnaval do Rio quando se consideram os turistas internacionais. Segundo os organizadores, a edição de 2011 apresentou o maior número de participantes de sua história, estimando-se 4 milhões de pessoas. No pandemia de COVID19, os eventos aconteceram online.


Lá em 1997, usava-se o termo GLS para se referir à Gays, Lésbicas e Simpatizantes, sendo esse último qualquer pessoa que não se defina gay ou lésbica, mas que também apoiasse a causa, um termo um tanto vago, e por isso, em 1999 a ONG Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT), organizadora do evento, alterou o nome para Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros). Nove anos mais tarde, em 2008, a ONG alterou novamente a sigla para LGBT, a fim de promover maior visibilidade às lésbicas no movimento e também de padronizar o nome do protesto com os de outros países, adotando o nome Parada do Orgulho LGBT.


A sigla mais atual que temos hoje é LGBTQIA+, acrescentando a sigla “Q” para Queer, termo em inglês que inicialmente possuía um sentido pejorativo contra todas as pessoas que não se adequassem a uma norma de gênero, algo como “estranho” em português, mas que hoje é ressignificado para representar as pessoas que não se identificam com o gênero masculino ou feminino especificamente, podendo fluir entre eles (gênero fluido) , expressar os dois ao mesmo tempo (andrógino) ou simplesmente não expressar nenhum (agênero); a sigla “I” para intersexo que descreve pessoas que naturalmente desenvolvem características sexuais que não se encaixam nas noções típicas de sexo feminino ou sexo masculino, não se desenvolvem completamente como nenhuma delas ou desenvolvem naturalmente uma combinação de ambas; a sigla “A” representando as pessoas Assexuais que não sentem atração por nenhum gênero, por fim o sinal + para incluir todas as mais variadas classificações existentes relacionadas a gênero e sexualidade, como por exemplo, a Pansexualidade que descreve pessoas que sentem atração por pessoas independente de gênero.



Atualmente, a manifestação é considerada a maior do mundo e observamos uma crescente manifestação da letra T da sigla, que une Pessoas Transgênero, Transsexuais e Travestis por maior visibilidade dentro do movimento, pois ainda vemos seus corpos sendo marginalizados e enfrentando as maiores adversidades dentro da sociedade como a violência, a exclusão social, dificuldade de conclusão do ensino médio, acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho, juntamente com o apagamento até mesmo dentro do movimento LGBTQIA+ em detrimento de um foco em homens gays e brancos.


Inclusive, o maior levante LGBTQIA+ da história recente teve em sua linha de frente duas travestis estadunidenses, Marsha P. Johnson, negra, drag queen, prostituta, modelo de Andy Warhol e, acima de tudo, tornou-se uma figura fundamental nos primeiros anos da luta LGBT contemporânea nos Estados Unidos junto com sua amiga Sylvia Rivera, para além da revolta de Stonewall, as duas também foram ativistas em várias organizações, como a Sweet Transvestite Action Revolutionaries (STAR) – “Ações Revolucionárias da Doce Travesti”, em tradução livre - que trabalhava para tirar pessoas trans das ruas ajudando outras pessoas, mesmo que ela mesma estivesse frequentemente nesta posição. Seus atos de desobediência civil contra a repressão policial no bar Stonewall Inn em Nova Iorque, local frequentado por gays, lésbicas, transexuais, drag queens e outras pessoas marginalizadas que encontravam ali um dos poucos refúgios possíveis para se expressar e socializar livremente, estabeleceram uma resposta de que essas pessoas não viveriam mais nas sombras, mas lutariam por seus direitos e dignidade


. Esse confronto em 28 de junho de 1969 foi o estopim de diversas manifestações públicas e um marco da luta LGBTQIA+ atual, pois até então a homossexualidade era considerada ilegal e a comunidade LGBT enfrentava constantemente a violência policial pelo simples fato de existir, as leis da época estabeleciam várias proibições relacionadas à vestimenta, sendo proibido até mesmo dançar com alguém do mesmo sexo. A revolta de Stonewall foi um basta nessa realidade e desde então lutamos para garantir nossos direitos. Um ano após a rebelião de Stonewall, milhares de pessoas da comunidade LGBT+ marcharam do local do bar até o Central Park. Essa marcha foi reconhecida como a primeira parada gay dos Estados Unidos. É por causa da revolta de Stonewall que o orgulho LGBT (Lésbico, Gay, Bissexual, Transexual, Travesti) é celebrado em junho - o Dia do Orgulho é na mesma data em que aconteceu o levante em Nova York, no 28.


Só para finalizarmos com a reflexão do quão importante é a todes nós apoiarmos a luta LGBTQIA+, atentem-se ao fato de que foi só em 17 de maio de 1990, há 30 anos, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). Uma enorme conquista que ainda hoje é frequentemente atacada por políticos evangélicos que frequentemente propõem que se aplique “Cura Gay” entre outras aberrações que ferem os nossos direitos de existir. Muito direito foi conquistado, mas ainda há um enorme caminho a percorrer no combate à LGBTfobia.




texto: colaboração Pluralis / Dra Carla Baker

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